terça-feira, 26 de abril de 2011

Um beijo e um queijo


Não tem jeito. Falar com você, conversar com você, responder você sempre acaba nisso: confusão. E é uma confusão do tamanho de um mês. E que mês. A mãe fica sabendo, a irmã sabe e não fala nada, a tia dá uma opinião, você aumenta e inventa também, eu tento minimizar as coisas, mas não dá. Vira confusão. E que ódio de virar isso. Antes não. Antes eu amava que virasse comentários, conclusões, explicações, medos, beijos, choros. Ah, eu gostava! Hoje não. Nem. Deus me livre. Confusão nesse estado de espírito que estou é quase um incomodo, é um texto. Nesse estado tão bem, confiante, feliz e apaixonada não tem lugar pra confusão, pra brigas, pra dor, pra tudo de novo. Não tem lugar para o passado chato, enjoativo, mesquinho, falso e mentiroso que existiu. Hoje tem lugar para o perdão, para a conversa sem compromisso, para as mensagens engraçadas. Hoje tem lugar para o bom, para o bem, para o amor! E demorou pra chegar nisso. Nossa, como demorou. Achei que nunca iria alcançar esse estado de espírito elevadíssimo. Perdoei, chorei, aceitei, enraiveci pra hoje eu  rir de tudo que aconteceu e falar: era só isso? Ah, que felicidade! Que delícia de morango! Viver é para os fortes que passam por dificuldades e voltam melhores ainda. Sobreviver é para os rancorosos, ardidos, chatos. E para as pessoas que ainda tem alguma coisa a dizer sobre o passado, digo: faz isso não. Deixa ele lá, quieto, no lugar dele, no passado conjugado em todas as pessoas. Se viver fosse fácil, não teria graça. Se perdoar fosse fácil, não haveria tristeza. Se amar fosse fácil, eu teria te amado. Como tudo que veio de você foi difícil, cansei. Prefiro o difícil acessível e que valha a pena. Um beijo e um queijo.

sábado, 9 de abril de 2011

Ela deixou

E ela disse para si mesma mil vezes: não volto, não volto e não volto. E não voltou. Por que? Por causa de seu pai, por causa da falta de tempo, por causa da faculdade? Não. Ela não voltou simplesmente porque não teve vontade e pra que mexer com coisas que não a fazem bem? Deixa quieto. Melhor para todos. E os meses se passaram e ela foi esquecendo a cor do cabelo dele, o cheiro da cidade, a risada da amiga mais próxima, o gosto do feijão da avó e aprendeu a fazer a unha sozinha. E aprendeu a se virar sozinha. Sem ninguém. Sem ajuda. Só pela força e coragem dela. Por que falo em coragem? Porque tem que ter coragem para largar a sua cidade natal, a cidade que te faz bem em julho, mas que no verão te queima e faz você não voltar lá. Tem que ter coragem para assumir o que fez, aguentar as consequencias que nem sempre são boas. E um dia ela para e pensa: o que eu deixei pra trás mesmo? Dor ou tristeza? Amizade ou coleguismo? Perdão ou mais brigas? E a resposta vem na hora: deixei tudo pra trás, deixei todas as opções, todos os desejos, todos os beijos, todas as risadas que talvez aconteceriam ou não. Poucas certezas ela tira disso e são as principais: aprendizado e alívio. Aprendeu a esquecer o que te fazia mal, aprendeu a guardar o que te fazia bem. Deu um alívio tão grande de saber que não precisa ter medo de sair na rua e encontrar pessoas que só baixam a autoestima dela, de ir a uma festa e não pegar "ele" com outra, de não ficar sabendo de nada que antes a deixariam para baixo e a fizesse se achar a "excluída" do convívio. Ela pensa que isso pode acontecer na nova cidade. Pode sim. Só pode. Não é certeza. Até porque tudo o que ela passou na outra cidade a fez pensar na vida e agir na sua vida de outra forma. E esse "pode" ela vai lutar para colocar um "não" antes.