Ontem postei um texto (O sentido do que acabou.), não é o que estou sentindo no momento, mas foi um texto que escrevi a 6 meses e resolvi postá-lo, pois achei verdadeiro e sincero (na época, para mim) e acredito que podemos sim sentir isso depois de curado o passado. Depois que havia escrito esse texto, aconteceram algumas coisas que me fizeram voltar a sentir a mesma raiva, o mesmo ódio, o mesmo "de novo você vai fazer isso?" e não conseguindo expressar o que estou sentindo, surge a Camila Paier do calmila.blogspot.com que, como uma vidente, escreve de uma maneira sincera e muito bem o que estou sentindo. Vou postá-lo como uma forma também de desabafo e dedico a você, que não precisa de dica nenhuma para ninguém, nem mesmo para você, pessoa anônima visível, para saber quem é.
Vai
Existe sempre aquele momento, que se possível e conveniente, temos a oportunidade de desabrochar tudo aquilo que guardávamos, e que seria necessária estourar. Se esse momento não chegou, ele virá. Por mais que todas as portas estejam trancafiadas, às sete chaves e não haja frestras nas janelas, saindo pra rua tudo é possibilidade. E a escolha de voltar algumas semanas no tempo, e colocar em pauta tudo o que você não disse, e deveria ter falado, tudo que não saiu da sua boca, e o outro deveria ter escutado, chega. Suas amigas mandam você fazer a fina, e ficar longe, não dar importância. Sua mãe, ri e não diz nada. Seu cachorro te olha com o rosto meio virado e questionando o que nem você sabe - o que você vai fazer agora? Falar, e se danar? Sumir, e fazer a louca? Cortar os pulsos, e aparecer sangrando? Ligar o Mute, e fingir escutar o que o outro ter a dizer? Como não sei fazer nada melhor que escrever, é a escolha mais sábia que faço. Você é um idiota. Eu sei, e você reconhece. Aqui não conserta-se gaitas, e muito menos corações. Desculpas esfarrapadas não absorvem, e entram por um ouvido, e saem pelo outro. E não me importando que um parasita como você leia, ou que qualquer outra pessoa te conte, nostálgica com uma xícara de chá e duas bergamotas ao lado, reflito.
A gente não deve acreditar em princípes. Ainda mais quando eles pousam numa nave estranha, e sem nenhum porque completo, na sua rua, na sua frente; na sua vida. Quando um gentleman pousa no caminho, nos resta lembrar que: com tanta perfeição assim, qualquer erro vai virar catástrofe. E acho realmente, que isso foi sim acontecendo. Eu via na sua altura e no seu porte atlético tudo o que eu precisava - e você vinha na minha loirice contida e abundante, aquilo que seria volátil, fácil e ainda assim, temporário. Secretamente, um cavava buracos, enquanto o outro chutava a areia. Profundidade versus comodidade. Era tão óbvio que não ia dar certo, por que diabos fantasiaram o meu conto - que poderia ser erótico, histórico, transformador ou etílico, menos de fadas. E mesmo sabendo que, meu livro já se encontrava pleno em histórias bizarras, em crônicas pela metade e clichês imundos, você seguiu a fila. Andou até onde todos foram, e entrou pra mais uma história conturbada, e mal acabada. Mais um, parabéns. É o que você conseguiu ser. E que hoje, não significa mais nada pra mim. Nem palpitações e tremores no meio da tarde, ou sonhos madrugada à dentro.
O seu corpo é escultural, quente; e uma pena que aí dentro, seja sempre inverno e quase neve (e raramente um Outono com Sol, como a gente julgava a perfeição dos dias). Eu prefiro o seu cabelo comprido, e eu gostava de opinar nas suas combinações, no que vestir. Eu queria pegar o carro e ir pra praia, sem rumo. Desejava sumir em cumplicidade, e descobrir novas terras. Deitar o cabelo sobre a grama úmida, e rir horas dos sotaques engraçados pelo caminho. Enquanto você, se contentava em desfilar pelos lugares fechados e claustrofóbicos, cheios de glamour barato; dormir tardes inteiras, enquanto os raios solares me chamavam pra rua. Opostos, sim. E o lugar que na minha vida, na bagunça do meu coração, você ocupava, hoje nem adianta mais: tá ocupado. I'm sorry.
Também acho um crime duas pessoas que teriam tudo pra se dar bem, não acontecerem de fato. Mas depois de tanto tempo, dá uma preguiça enorme voltar, e apanhar as partes ocas e destroçadas na ventania, e montar novamente, reconstruir um erro; como se nada tivesse acontecido. Como se expectativas não tivessem inundado, e as flores do caminho, murchado. A minha pressa, e a tua desmotivação ruiram qualquer possibilidade de futuro. Num campeonato onde eu era a lebre faceira e você a vagarosa tartaruga, não houve uma velocidade constante de ritmos. E inconstantes de somos, eu sabia que você voltaria. A gente sempre sabe quando uma ave ou borboleta pousa de novo no ombro, nas pernas. E um belo dia, entre cadernos e pastas, borrachas e anotações, o toque inesperado de quem ficou pra trás. Dizem que quando a gente está distraídos, podemos assustar os animais do bem, as coisas boas da vida: passam sem perceber e dar alarde, e muito mais tarde, sentimos falta. Aonde é que eu assino embaixo?